sábado, 3 de novembro de 2007

o vinho e aquele que já não é

descia pela garganta. primeiro amargo, como tudo aquilo que invadia um corpo tão seu. depois já suave, seu corpo acostumado e resignado. ia garganta abaixo transformando os poros, os sentidos. sua censura baixava guarda e ela se permitia. por isso, em situações como essa, preferia se ver só.
mas ah, esses adventos da modernidade. ah, esses milhões de fios condutores que assanhavam o seu lado mais primitivo de criança mimada e carente que não suporta um minuto de solidão. ligou o computador. uma dua três telas. contatos. digitava frases mais pensadas do que ditas. contribuía para a construção de um diálogo só de imagens e percepções. um esforço para interagir com este mundo tecnológico. tela, mouse e teclado. anseios, dúvidas e divagações. a possibilidade de um contato que por outro meio não se daria. a saudade de um contato que só se dá por outros meios. o seu momento de solidão modificado. no lugar do vazio, uma máquina de possibilidades. no lugar da garota comedida e rubra diante do outro, a garota descarada e - com palavras medidas - explícita.

3 comentários:

Keila Souza disse...

impressionante como vc consegui traduzir em palavras um momento ,um sentimento ,uma agonia é bom saber quenao estamos só em certos sentimentos e atitudas

lufloripa25 disse...

O vinho aguça a inspiração.. sempre!
no meu caso um Sauvignon Blanc em 8 graus é uma boa pedida...

Sauvignon Blanc é um vinho de sobremesa,da série dos florais e tem quem diga que os melhores são os africanos..
de cor brilhante, com lágrimas numerosas e lentas...
na boca ele é intenso, com aroma frutado..
e ao nariz é doce como mel (éu, éu)!

=D

ui...

besos guapetona!

disse...

caramba, bel!
intensa!