segunda-feira, 29 de outubro de 2007

manchas


esfrego este sangue dos meus lençóis. esfrego com a energia de quem acredita que isto basta. arranco esta mancha que você deixou. isto basta. arranco o medo que você desperta em mim. quando me olha. me toca. me come com as mãos, boca, pêlos e falo. vem e divide esta cama comigo. vem e me conta tudo o que passou. vem como antes e me destrói. desfigura este retrato que eu pintei para o outro. vem, e como antes, se vai. e o que fica não é o teu vazio. sou eu modificada.

sábado, 27 de outubro de 2007

tensão


tenciono minha carne contra outras carnes, preenchendo com um impulso físico a tua falta que se espalha aqui dentro. como um cancêr, domina aos poucos cada pedaço são de tudo aquilo que me constitui como mulher. lembrar de você é me esquecer por alguns segundos. o tempo enruga, corroe a pele cabelo e enferruja os músculos mais insistentes. de todos o que eu tenho é isto. e sei que isto passa. rápido. e antes que o tempo carregue tudo, meu tesão já acabou. tesão urgente, é isto. os segundos em que me esqueço me trazem mais: o olhar. os olhos cercados de rugas e veias cansadas ainda carregam o olhar.